quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Editorial PrecariAcções 6

É preciso uma alternativa

Após a manifestação de 15 de Outubro, a Greve Geral foi a segunda grande demonstração de força por parte dos trabalhadores na resistência à política de austeridade de Passos Coelho/Portas a mando da Troika. Esta greve ficou marcada por uma forte adesão no sector dos transportes, função pública e nas principais empresas privadas. Apesar disto, esta greve teria tido outra força se a CGTP utilizasse todos os seus recursos na sua preparação. Vejamos, a greve fica marcada sem que tenham sido feitos qualquer tipo de plenários preparatórios com os trabalhadores para se discutir as formas de luta e o seu seguimento. Na maior parte dos casos foi feito um plenário para informar da greve ou mesmo nenhum, ficando os trabalhadores afastados da sua construção, bem como das suas direcções que, teoricamente, os representam. Mas será que ainda os representam? A existência desta greve geral não se deveu à prática combativa da CGTP mas à necessidade de responder a um fenómeno que não controla - os novos movimentos sociais conhecidos como ¿Indignados¿ que, sem controlo partidário ou sindical, conseguiram durante este ano colocar milhares de pessoas na rua por duas vezes, uma delas fazendo cair o governo Sócrates e da outra arrastando a CGTP para uma greve que não pretendia. Recordemos que ela foi marcada 3 dias após a realização da assembleia de indignados de Lisboa onde o povo exigiu a marcação deuma Greve Geral. Para além da CGTP, os partidos que deveriam representar os trabalhadores, nomeadamente o BE e o PCP, surgem como defensores do pagamento da dívida através da maquilhagem da renegociação. É necessário suspender o pagamento da dívida contraída pela burguesia, taxar os seus rendimentos, nacionalizar a banca e sectores estratégicos da economia e criar uma política de emprego e de estimulo à produção para poder haver dinheiro para salários, saúde e educação e não para pagar uma dívida que não foi o povo a contrair.

Face à falência das actuais direcções dos partidos da esquerda e dos sindicatos tradicionais, urge a construção de alternativas no plano político e sindical. Que estas alternativas sejam dos trabalhadores, que lutem pelos trabalhadores e que tenham os métodos democráticos dos trabalhadores.